quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O Diário de um Mago


A obra “O Diário de um Mago”, além de ser o trabalho que até agora mais gostei de Paulo Coelho, também consiste, a meu ver, na obra em que este autor inaugura o exercício de uma escrita voltada para a motivação pessoal e para a propagação de conselhos pautados numa espiritualidade cristã, atrelados, ao ocultismo oriental. Tal fato, contudo, acaba promovendo uma visão híbrida do cristianismo, o que só favorece o seu livro, pois, o torna capaz de afetar um número maior de leitores.
 
Num resumo rápido da obra, o “Diário de um Mago” pode ser descrito como um livro que relata a peregrinação de Paulo Coelho, pelo trajeto de Santiago de Compostela que vai da França até a Espanha. Nesta peregrinação, que se dá pela busca de uma espada mágica que compõe a tradição da seita secreta denominada RAM, a qual Paulo alega fazer parte, Paulo fora acompanhado por Pétrus, seu guia neste caminho de descobertas espirituais e pessoais.

A narração do trajeto e suas adversidades, acaba conversando com argumentos que buscam incentivar a busca pela realização dos sonhos. No decorrer da narração, a busca espiritual de Paulo constata, contrariando as supostas expectativas do próprio autor antes da peregrinação, que o extraordinário está presente nos acontecimentos comuns da vida. Resumindo, o caminho espiritual não é para escolhidos, mas sim para as pessoas comuns.

Esta constatação, a meu ver, tem o poder de mostrar para as pessoas que acreditam que suas vidas não são importantes, que é na simplicidade da vida, que existem os grandes acontecimentos, as grandes maravilhas da existência. Por isso, segundo Paulo, ao voltar da peregrinação, ele próprio acabou percebendo que a missão de cada um na terra, consiste em seguir seus sonhos.

Como seu único e secreto sonho era escrever livros, um ano após percorrer o caminho de Santiago, Paulo publica o “Diário de um Mago” e passa a lutar para viver da arte de escrever e publicar livros.

No mais, a escrita do livro é direta, mas cheia de enredos interessantes e reflexões motivadoras. Este foi um livro que gostei e indico para outros leitores. 

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Paulo Coelho em "As verdades absolutas, eu aprendi a questionar"


O fascínio que o proibido exerce sobre mim, talvez seja um pouco mais intenso do que em algumas outras pessoas mais acostumadas com o comodismo e a apatia. Quando ouvia a palavra “não”, ligada ao verbo “fazer”, este fascínio me seduzia um pouco mais, fato que me fez seguir alguns caminhos que hoje em dia provavelmente eu não seguiria. No entanto, acredito que sempre percebi a vida desse jeito: “uma eterna busca por descobertas que nos ensinem algo de bom, mesmo que seja através de afagos ou pelas dores inconfundíveis das pancadas”.

Foi nesta busca por novos caminhos que me impeliam a nadar contra a corrente que, recentemente, me fez ler avidamente as obras que eu consegui ter acesso, do escritor Paulo Coelho. Ouvir as críticas depreciativas, por certo tempo, embora me deixassem com um pé atrás para com suas obras, me fez, de forma contraditória, também querer conhecê-las para, só aí então, começar a tecer meus comentários.

Todavia, mesmo sabendo que esta ação comporta uma coerência óbvia, confesso que acredito não serem raros os críticos que nunca leram ou terminaram de ler pelo menos uma de suas obras, mesmo que isso não os neutralizasse no ato de tecerem seus comentários ácidos e questionáveis.

Desta forma, preferi ser honesto comigo mesmo e, antes de comentar algo sobre um dos escritores brasileiros mais lidos em todo o mundo, passar a ler pelo menos um de seus livros. Agindo desta forma, comprei o primeiro e, mesmo sem termina-lo, me vi comprando o segundo e o terceiro, para, num ato frenético, lê-los no mesmo período.

Hoje posso dizer que já li “O Diário de um Mago”, ‘Briga” e “As Valkírias”, este último, com mais voracidade visto que a história do Paulo Coelho com o músico Raul seixas muito me interessava. Desta leituras, destaco que umas, gostei mais que outras, mas o estilo de escrita de Paulo Coelho permanece em todas as suas obras.

Analisando o desenvolvimento técnico de seus livros, não há como deixar passar que sua escrita possui uma narrativa muito longa acompanhada de poucos acontecimentos, fato que deixa alguns livros cansativos, como ver a ser o caso do livro “Verônika decide morrer” que já iniciei, mas ainda não tive paciência para termina-lo.

Confesso que no conteúdo e na forma, gostei mais dos livros “O Diário de um Mago” e “As Valkírias”. O primeiro abordando suas experiências como um peregrino no caminho de Santiago de Compostela, na busca por uma espada mágica que serviria como um rito de transição para uma tradição mágica da qual Paulo Coelho alega fazer parte, no caso a “Tradição da Lua”. E, por sua vez, o segundo, contando com um relato fantástico de uma peregrinação pelo deserto do Majove, que o escritor e sua esposa fizeram na tentativa de conversar com seu anjo da guarda e, consequentemente, pelo rompimento de um contrato espiritual que Paulo havia feito quando era jovem por flertar com a “magia negra”.


Contudo, ainda há muito o que ler. Embora eu já me sinta capaz de tecer certos comentários, ao menos por enquanto, prefiro apenas expor que encontrei pontos positivos e negativos nos livros que já conclui de Paulo Coelho. Desta forma, deixo para apresentar e se possível, analisar, as obras individualmente em outro momento. Portanto, para o meu espírito irrequieto, só posso dizer: “muita calma nesta hora e boa leitura”. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Entre um gole e um trago, vou FUMARTE no espetáculo da poesia!

Primeiro ato: Um gole de Hi-Fi


Luna Clara, poetiza surgida do sertão do rio Grande do Sul e estudante de Museologia na Unirio, já agitou bastante as noites do Rio de Janeiro (RJ) com suas instalações intituladas FUMARTE e com seus folhetos literários denominados Doses de Hi-Fi. Produções estas que, cada uma a seu modo, também animaram meu espírito criativo e me fizeram devotar certa curiosidade crítica. Por ser dona de um carisma incapaz de passar despercebido, não pude deixar de nota-la num encontro de estudantes em 2012 na cidade de Petrópolis-RJ, tanto por sua voz rouca, quanto por seus comentários ácidos acerca do descaso para com os Patrimônios Materiais da cidade que hoje reside.

A influência que sua arte exerceu sobre mim, aparentemente ecoou tão forte que, daquela época, até hoje, mantivemos contatos e participamos de alguns projetos no campo da escrita, no qual eu contribui, por certo tempo, com o seu blog TERRORISTA EM POTENCIAL – POESIA SOCIAL. Além dos projetos artísticos, também trocamos correspondências nas quais divulgávamos nossos novos trabalhos e, consequentemente, exigíamos, de forma cordial, críticas e contribuições para trabalhos futuros. Dentre estas correspondências, eis me me surge, não mais que em melhor hora, suas novas doses de Hi-Fi para me embragarem esta noite. 

Desta forma, movido por admiração pessoal e profissional, resolvi me entregar ao árduo e complicado devaneio de apresentar a poetiza e comentar, de forma breve, seus trabalhos que agora tenho em mãos. Tentarei, mesmo que seus Hi-Fi's, por agora, já tenham me embreado de poesia.  

Segundo ato: tragando a FUMARTE


A FUMARTE corresponde a uma instalação constituída basicamente por maços de cigarros recortados e colados, nos quais, são expostos apenas os avisos acerca das doenças derivadas do consumo constante do produto. Sabendo que Luna Clara não esconde de ninguém que é uma voraz fumante, certa vez cheguei a questiona-la sobre a intenção contida na obra. De imediato, sem querer inventar um conceito desnecessário para justificar a obra, respondeu-me que não havia conceito específico, a não ser, a simples necessidade de despertar os mais variados discursos e promover, de alguma forma, a interação dos transeuntes.  



Como aparece na imagem acima, o acesso a obra é livre e todos, além de tocar, podem compartilhar dos mesmos cigarros. Embora as imagens existam nos maços de cigarro com o intuito de causar repulsa e promover a redução do número de fumantes, na instalação FUMARTE, a propaganda passa a ser subvertia para, de forma lúdica, burlar o seu objetivo inicial. Se o uso do cigarro é saudável ou não, acredito que não é o que está em questão na potência desta obra, todavia, a possibilidade de múltiplos olhares torna-se inevitável.

Fumar ou não fumar? Não sei. vamos discutir?

                                         Terceiro ato: Um dose ou duas? Eu prefiro três!


Hi-Fi: Três doses em uma...

Neste trabalho, Luna traz textos curtos, porém, bastante abertos para gerar vários caminhos interpretativos. Poemas concretos conversam com ilustrações que, por si sós, já abrem alas para que a poesia pulse com mais força. 

Lendo suas três edições, não deixo de Lembrar da busca incansável do poeta Leminski por poemas curtos que tivessem a precisão de um golpe de caratê bem aplicado. Mesmo correndo o risco de procurar um poeta incomparável, numa poetiza fascinante, consegui ler golpes precisos em seus poemas.

Para expressar a impressão que os poemas de Luna causaram em mim, só me restas parafrasear a própria escritora. Com toda a licença Luna, mas com seus poemas eu...

Por enquanto, sigo apenas sentindo, pois sem palavras, não posso mais escrever...