quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Entre um gole e um trago, vou FUMARTE no espetáculo da poesia!

Primeiro ato: Um gole de Hi-Fi


Luna Clara, poetiza surgida do sertão do rio Grande do Sul e estudante de Museologia na Unirio, já agitou bastante as noites do Rio de Janeiro (RJ) com suas instalações intituladas FUMARTE e com seus folhetos literários denominados Doses de Hi-Fi. Produções estas que, cada uma a seu modo, também animaram meu espírito criativo e me fizeram devotar certa curiosidade crítica. Por ser dona de um carisma incapaz de passar despercebido, não pude deixar de nota-la num encontro de estudantes em 2012 na cidade de Petrópolis-RJ, tanto por sua voz rouca, quanto por seus comentários ácidos acerca do descaso para com os Patrimônios Materiais da cidade que hoje reside.

A influência que sua arte exerceu sobre mim, aparentemente ecoou tão forte que, daquela época, até hoje, mantivemos contatos e participamos de alguns projetos no campo da escrita, no qual eu contribui, por certo tempo, com o seu blog TERRORISTA EM POTENCIAL – POESIA SOCIAL. Além dos projetos artísticos, também trocamos correspondências nas quais divulgávamos nossos novos trabalhos e, consequentemente, exigíamos, de forma cordial, críticas e contribuições para trabalhos futuros. Dentre estas correspondências, eis me me surge, não mais que em melhor hora, suas novas doses de Hi-Fi para me embragarem esta noite. 

Desta forma, movido por admiração pessoal e profissional, resolvi me entregar ao árduo e complicado devaneio de apresentar a poetiza e comentar, de forma breve, seus trabalhos que agora tenho em mãos. Tentarei, mesmo que seus Hi-Fi's, por agora, já tenham me embreado de poesia.  

Segundo ato: tragando a FUMARTE


A FUMARTE corresponde a uma instalação constituída basicamente por maços de cigarros recortados e colados, nos quais, são expostos apenas os avisos acerca das doenças derivadas do consumo constante do produto. Sabendo que Luna Clara não esconde de ninguém que é uma voraz fumante, certa vez cheguei a questiona-la sobre a intenção contida na obra. De imediato, sem querer inventar um conceito desnecessário para justificar a obra, respondeu-me que não havia conceito específico, a não ser, a simples necessidade de despertar os mais variados discursos e promover, de alguma forma, a interação dos transeuntes.  



Como aparece na imagem acima, o acesso a obra é livre e todos, além de tocar, podem compartilhar dos mesmos cigarros. Embora as imagens existam nos maços de cigarro com o intuito de causar repulsa e promover a redução do número de fumantes, na instalação FUMARTE, a propaganda passa a ser subvertia para, de forma lúdica, burlar o seu objetivo inicial. Se o uso do cigarro é saudável ou não, acredito que não é o que está em questão na potência desta obra, todavia, a possibilidade de múltiplos olhares torna-se inevitável.

Fumar ou não fumar? Não sei. vamos discutir?

                                         Terceiro ato: Um dose ou duas? Eu prefiro três!


Hi-Fi: Três doses em uma...

Neste trabalho, Luna traz textos curtos, porém, bastante abertos para gerar vários caminhos interpretativos. Poemas concretos conversam com ilustrações que, por si sós, já abrem alas para que a poesia pulse com mais força. 

Lendo suas três edições, não deixo de Lembrar da busca incansável do poeta Leminski por poemas curtos que tivessem a precisão de um golpe de caratê bem aplicado. Mesmo correndo o risco de procurar um poeta incomparável, numa poetiza fascinante, consegui ler golpes precisos em seus poemas.

Para expressar a impressão que os poemas de Luna causaram em mim, só me restas parafrasear a própria escritora. Com toda a licença Luna, mas com seus poemas eu...

Por enquanto, sigo apenas sentindo, pois sem palavras, não posso mais escrever...





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